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O SÓCIO QUE SE TORNA UM PESADELO : COMO EVITAR PROBLEMAS NO ÍNICIO DA SOCIEDADE.

Foto do escritor: Matheus Adriano PauloMatheus Adriano Paulo


A questão sobre sócios em empresas é algo que sempre me chama atenção, e não por um bom motivo. Ao longo da minha prática, tenho visto casos em que as discussões sobre a sociedade surgem quando já é tarde demais. O que quero tratar hoje é sobre o sócio que, no começo, parece uma boa escolha, mas que, com o tempo, se torna um verdadeiro pesadelo para a empresa. Esse sócio que entra na sociedade, mas não agrega em nada, seja financeiramente, tecnicamente ou de outra maneira que possa contribuir para o crescimento do negócio. A intenção deste artigo, é justamente te ajudar a evitar essa situação.

 

Escolhendo o sócio certo

 

O primeiro ponto que preciso abordar é que a escolha do sócio não deve ser feita apenas com base em afinidade ou amizade. Não adianta escolher alguém para ser sócio apenas porque você gosta da pessoa. A escolha precisa ser estratégica e focada no que o futuro sócio pode trazer para o negócio. Isso inclui habilidades técnicas, capacidade de tomar decisões importantes e, claro, o valor financeiro, caso ele entre apenas como investidor.

Muitas empresas consolidadas no mercado buscam sócios que, além do capital, agreguem valor pela experiência ou expertise em áreas específicas. É o caso, por exemplo, dos investidores do programa Shark Tank Brasil. Eles não buscam apenas dinheiro, mas sim, os conhecimentos e a rede de contatos que o novo sócio pode trazer. A contribuição técnica e estratégica é o que realmente importa, e isso deve ser considerado quando for formar uma sociedade.

 

O contrato social: A base da sociedade

 

Ao entrar em uma sociedade, você está criando um vínculo que não é simples de desmanchar. E é aqui que muitos empresários cometem um erro crucial: não estruturam a relação de forma adequada no contrato social. O contrato social é o "coração" da empresa. Ele vai definir as regras sobre como a sociedade será conduzida, como será a admissão de novos sócios, o que fazer no caso de exclusão de um sócio e como resolver conflitos.

Por exemplo, você precisa se perguntar: "E se eu brigar com meu sócio? Como resolveremos as divergências?" Essas questões não podem ser decididas apenas quando o problema já surgiu, elas precisam ser resolvidas antecipadamente, no momento da assinatura do contrato social. Caso contrário, a empresa corre o risco de enfrentar uma situação caótica.

 

Preveja as consequências de um desentendimento

 

Assim como em um casamento, na sociedade empresarial você precisa prever as consequências de um eventual desentendimento. Pode parecer exagero, mas quem nunca ouviu falar de casais que se davam super bem até se casarem e, depois, começaram as brigas? Na sociedade, a lógica é muito parecida, e você pode até enfrentar divergências com um sócio que, em princípio, parecia uma excelente escolha.

E mais: em uma sociedade, sair de um relacionamento não é tão simples quanto um divórcio. A menos que o contrato social tenha estabelecido claramente os procedimentos de saída, a divisão do patrimônio e os valores envolvidos, você pode acabar entrando em um processo longo e complicado.

Por exemplo, se você decidir sair da sociedade, o que acontecerá com as cotas? Como será feita a avaliação do valor da empresa (valuation)? Quem será o responsável por esse processo e como serão definidas as condições de pagamento? Tudo isso precisa ser decidido e previsto de antemão para evitar surpresas desagradáveis no futuro.

 

A importância de planejar a sociedade com clareza

 

Ao abrir uma empresa com um sócio, a base da relação deve ser construída no contrato social. Nele, devem estar definidas todas as regras, desde a inclusão de um novo sócio até as condições para a saída de um deles. Se você for abrir uma empresa sozinho e decidir, posteriormente, trazer um sócio, o que deve estar claro é o que ele vai trazer para a empresa, qual será sua participação e quais são as regras para ele sair, caso seja necessário.

Além disso, o contrato social precisa estar preparado para qualquer eventualidade, como um falecimento de um dos sócios. Sem uma previsão de redistribuição de cotas, por exemplo, você pode acabar com uma situação difícil, em que herdeiros de um sócio falecido entram na sociedade sem nenhum vínculo com o negócio, o que pode gerar complicações desnecessárias.

 

Conclusão

 

Eu sempre costumo comparar a sociedade empresarial com um casamento. A convivência com um sócio é algo muito íntimo e que exige uma boa dose de planejamento e entendimento das consequências jurídicas. Antes de formalizar qualquer sociedade, você precisa analisar se está realmente preparado para os desafios que podem surgir. A estruturação do contrato social e o planejamento das possíveis eventualidades são fundamentais para garantir que a empresa não se transforme em um pesadelo.

Portanto, se você vai abrir um negócio em sociedade, dedique tempo para estudar e planejar. Procure um contador e um advogado que possam ajudá-lo a criar um contrato social bem elaborado. Isso pode ser a chave para proteger o seu patrimônio e evitar problemas no futuro.

 

 

Instagram: @matheusadrianopaulo

 
 
 

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