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Pela Ordem: O que é e como o advogado deve usar na audiência!

  • Foto do escritor: Matheus Adriano Paulo
    Matheus Adriano Paulo
  • há 5 dias
  • 3 min de leitura


O medo da audiência é comum


 

Ao longo da minha atuação como advogado, percebi que muitos colegas, principalmente os que estão começando na carreira, sentem receio ao participar de uma audiência de instrução e julgamento. E isso é compreensível. A maioria de nós sai da faculdade com uma base prática bastante frágil. A verdade é que a prática mesmo vem com... a prática. Não tem outro caminho.

Alguns têm a sorte de estagiar em fóruns, acompanhar audiências, ganhar familiaridade com esse universo que, para muitos, ainda é um mistério. Mas mesmo assim, é comum sentir medo. Medo de errar, de não saber como se portar, de ser surpreendido. Eu passei por isso — e é por isso mesmo que hoje compartilho o que aprendi.


 

A audiência não é o “bicho de sete cabeças” que parece


 

Primeiro, é essencial entender que a audiência, apesar de ser um ato formal, não é esse bicho de sete cabeças que circula pelas redes sociais. A maioria das audiências ocorre de forma tranquila, respeitosa e pacífica. Cada profissional ali — juiz, advogados, promotor, testemunhas — está apenas cumprindo seu papel, fazendo seu trabalho.


 

A importância da preparação prévia


 

Como advogado, minha função na audiência é clara: produzir provas, defender os interesses do meu cliente e, principalmente, estar atento a todos os atos que ocorrem ali. E isso exige preparação. Antes de qualquer audiência, eu estudo o rito processual, defino minha estratégia, analiso as provas já existentes e preparo meu cliente, se ele for ouvido.


 

Quando e como pedir “pela ordem”


 

Mesmo com tudo isso em mente, às vezes as coisas não seguem o roteiro esperado. Um exemplo comum: o juiz começa a audiência já chamando as testemunhas, sem colher os depoimentos pessoais. Isso fere o rito processual. Nessa hora, não é o caso de bater boca. É hora de pedir pela ordem.

Pedir pela ordem é o meu direito de interromper o ato para corrigir algo relevante que está em desacordo com o processo. Sempre que fiz isso de forma respeitosa, fui ouvido. O juiz pode ou não acatar, mas o pedido é registrado — e isso pode ser essencial depois.

Costumo dizer, por exemplo: “Excelência, pela ordem. Gostaria de registrar que não foram colhidos os depoimentos pessoais e, como patrono do autor/réu, requeiro que sejam realizados antes da oitiva das testemunhas.” Simples, direto e técnico.


 

O que fazer se o juiz negar a palavra?


 

E se, por algum motivo, o juiz negar o meu pedido pela ordem? Aí sim, eu registro. Pego o celular, informo que estou gravando porque minha manifestação foi indeferida, e sigo o protocolo. Não brigo, não me exalto. Apenas cumpro meu papel. Essa gravação pode ser útil no recurso, em um pedido ao tribunal ou até mesmo ao CNJ, dependendo da gravidade.


 

O momento certo de pedir diligências


 

Outro ponto fundamental: as diligências devem ser pedidas no início ou no final da audiência — nunca depois. Isso porque a audiência de instrução e julgamento encerra a fase de instrução. Se faltou ouvir uma testemunha, se é necessário juntar um documento, se há provas ainda pendentes, o momento de pedir é esse.

Geralmente, eu digo algo como: “Excelência, pela ordem. Antes de encerrarmos, gostaria de requerer a intimação da parte para juntada de documentos, ou então a produção de determinada prova que entendo essencial à elucidação dos fatos.”

Em caso de dúvida, peça pela ordem

O que sempre digo — e aplico na minha prática — é o seguinte: se tiver dúvida, peça pela ordem. É melhor ser visto como “inexperiente” do que omisso. A audiência é o momento de produção da prova oral, e cabe a você garantir que isso seja feito da forma mais adequada possível.

Você não precisa (nem deve) brigar. Precisa apenas conhecer o procedimento, estar atento e, se necessário, agir — com técnica e respeito.


 

Conclusão: não existe audiência perfeita, mas existe advogado preparado

Em resumo, a audiência é um momento determinante do processo. E mais do que dominar o conteúdo jurídico, é preciso dominar o comportamento estratégico. Saber quando intervir, como agir e, acima de tudo, representar o seu cliente com responsabilidade e coragem.

Se esse conteúdo fez sentido para você, continue acompanhando. Estou sempre trazendo dicas práticas, baseadas na realidade das audiências e na vivência da advocacia.



Instagram: @matheusadrianopaulo

 
 
 

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